Anvisa aprova o uso do Mounjaro no tratamento da apneia obstrutiva do sono

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a ampliação da indicação do medicamento Mounjaro — cujo princípio ativo é a tirzepatida — para o tratamento da Apneia obstrutiva do sono em adultos com obesidade, diagnosticados com apneia do sono moderada a grave.

Inicialmente aprovado para tratamento de diabetes tipo 2 e para obesidade, o Mounjaro agora passa a ter papel também em um distúrbio do sono que frequentemente está associado ao excesso de peso.

Segundo o fabricante Eli Lilly, os pacientes que utilizaram o medicamento no estudo clínico apresentaram em média uma perda de peso de cerca de 20% do corpo, além de uma redução de pelo menos 30 interrupções respiratórias por hora durante o sono.

No ensaio de fase 3 patrocinado pela Eli Lilly, os resultados apontaram que o uso do medicamento foi aproximadamente cinco vezes mais eficaz do que placebo na redução das interrupções respiratórias em pessoas que não usavam o aparelho de pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP).

Em um dos grupos que combinou o CPAP com a tirzepatida, a média de perda de peso foi de 22,7 kg — equivalente a cerca de 20% do peso corpóreo — e muitos pacientes deixaram de apresentar sintomas da apneia após um ano de tratamento.

A aprovação de Mounjaro para a apneia obstrutiva do sono é um marco transformador para os pacientes, já que se trata de uma condição subdiagnosticada e com opções de tratamento limitadas. Mounjaro oferece uma nova esperança ao abordar a causa subjacente da doença em pacientes com obesidade, declarou Luiz André Magno, diretor médico sênior da Eli Lilly.

Esse novo caminho se soma aos tratamentos já existentes, como o CPAP ou intervenção cirúrgica, oferecendo uma alternativa farmacológica para quem convive com obesidade e apneia do sono.

Essa medicação mostrou evidência de melhora da apneia obstrutiva do sono. É um tratamento inovador porque, até então, só tínhamos como opção a cirurgia bariátrica e o uso de CPAP, destacou o endocrinologista Ricardo Phiton.

Perspectivas para o futuro
Com essa indicação adicional, o Mounjaro pode redefinir o tratamento da apneia do sono em adultos obesos, abrindo espaço para novas estratégias integradas e ampliando as chances de melhora da qualidade de vida e redução de riscos associados à doença.

Melhora na qualidade do sono

Além de causar uma piora na qualidade do sono, a apneia do sono pode resultar em níveis reduzidos de oxigênio no sangue, o que muitas vezes é associado a um maior risco de complicações cardiovasculares.

Atualmente, um dos tratamentos mais comuns para essa condição é a pressão contínua nas vias aéreas (CPAP). A terapia utiliza uma máquina para manter as vias aéreas abertas durante o sono, o que evita interrupções na respiração.

Com o uso da tirzepatida, os pesquisadores observaram que a quantidade de interrupções no sono foi reduzida significativamente, em comparação aos voluntários que receberam placebo. Alguns pacientes que tomaram o medicamento chegaram a um ponto em que o uso do CPAP pode não ser mais necessário.